Entrevista com Priscila Cardozo - CBN Grandes Lagos

SAMILO LOPES • 8 de novembro de 2025

Neste programa, publicado em 8 de novembro de 2025, conversamos com Priscila Cardozo, gerente-geral de Marketing da  Rodobens, sobre sua trajetória de 22 anos na empresa, os 75 anos de história da marca, a evolução do marketing (do offline ao “matemarketing”), inovação em consórcio e como comunicar um Brasil plural — do TikTok ao carro de som no interior do país.

Entrevista Transcrita

Entrevistador (Samilo Lopes): Olá a todos, sejam muito bem-vindos. Esse é o Bora Falar de Marketing. Neste programa mais do que especial, eu recebo a Priscila Cardozo, gerente-geral de Marketing da Rodobens, pra gente bater um papo sobre 75 anos de história. Ela me contou aqui nos bastidores que são 22 anos de Rodobens. Priscila, muito obrigado por aceitar o convite. Seja muito bem-vinda.


Convidada (Priscila Cardozo): Tô super feliz em contar minha história e trajetória pra vocês. Vocês acreditam que, depois de todo esse tempo, eu não conhecia o Samilo pessoalmente? Fiquei sabendo que a gente quase estudou junto aqui e temos uma história muito legal para contar. A gente tava batendo um papo nos bastidores e acredito que vocês vão ficar encantados com essa história.


Samilo: Posso te chamar de Pri?


Priscila: Claro, fica à vontade.


Samilo: Queria começar fazendo o convite pra que você se apresente um pouquinho: quem é a Priscila e como foi sua jornada no marketing até hoje?


Priscila: Obrigada novamente pelo convite. Eu comecei minha trajetória em rádio, como jovem aprendiz, anotando pedido de música, ajudando em sorteios de brindes… Ali eu pensei: “o que eu quero fazer de futuro?”. Cogitei jornalismo, mas decidi por Comunicação Social e pensei: “lá eu me viro e entendo o que fazer”. Entrando na faculdade, me apaixonei por Publicidade e Propaganda e sigo até hoje.


Minha trajetória se confunde com a história da Rodobens. No primeiro ano de faculdade, passei num processo seletivo e entrei como estagiária — um sonho em Rio Preto trabalhar numa empresa grande e bem vista. Tudo que eu aprendia na faculdade eu via na prática acontecendo na Rodobens. A Rodobens sempre foi pioneira: gestão, tecnologia, e inclusive marketing — o que eu estudava como “tendência” já acontecia lá. Eu me formei dentro da Rodobens: passei por cargos generalistas, coordenadora, gerente e, finalmente, gerente-geral.


Comecei vendendo caminhão, na antiga Cirasa. No meu primeiro estágio, ajudei a formar um time de marketing para venda de caminhões Mercedes-Benz. Eu nunca tinha vendido nada — vinha do rádio — e entrei num novo mundo. Na época, marketing caminhava junto com tecnologia: entendíamos que era preciso mais tecnologia e matemática dentro do marketing, saindo do sonho e indo para o “matemarketing” — isso há 20 anos! Fomos pioneiros e isso me formou.


Samilo: Essa história começou quando?


Priscila: 2003 — 22 anos de Rodobens.


Samilo: É muita coisa. Pensar 22 anos atrás… a gente fala de um mundo zero digital. No máximo Orkut começando, MSN travando a tela… (risos)


Priscila: Totalmente analógico. Vimos a migração do offline pro online. Todo mundo aprendendo: como profissional, como pessoa, como usuário de internet. A faculdade que eu fiz lá atrás nem existe mais do mesmo jeito. Em marketing, se você não tiver sempre estudando e entendendo os movimentos da sociedade, fica pra trás — e no nosso meio isso acontece muito mais rápido.


Samilo: Eu também vejo publicidade/marketing como ciência social: conectar marcas à sociedade, criar símbolos e histórias, e ir se adequando conforme os comportamentos mudam. Muitas vezes com ideias disruptivas…


Priscila: Exato.


Samilo: Pri, sobre os marcos que mais mexeram com você nesses 22 anos de Rodobens: lá atrás era Orkut/MSN; hoje falamos de inteligência artificial. O que mudou?


Priscila: A gente tinha uma visão mais romântica. Não havia tantos dados e ciência por trás. De lá pra cá, o marketing ficou muito mais “matemarketing”: números e dados para tomada de decisão — investimento, veículos, segmentação. Pesquisa sempre existiu, mas não tínhamos tantos dados para personalizar e focar.

Pra mim, o marco principal é essa mensagem personalizada e a medição. Claro, mídia de massa continua importante, mas o poder de personalizar mudou minha visão.


Samilo: E as métricas também. Antes, fazer pesquisa era caro e distante. Hoje a informação está na mão e é mais barata.


Priscila: Exato. Dá pra trabalhar com mais dados e tomada de decisão clara: cada real investido — quanto traz de marca e de vendas? Essa conta tem que fechar todo mês.


Samilo: Como tem sido o desafio do ano comemorativo (75 anos)? Como gerenciar e contar tudo isso?


Priscila: É uma grande responsabilidade: comunicar 75 anos de uma empresa tradicional e pioneira, mas moderna e transgressora — muito pelo espírito empreendedor do fundador. E posso dizer por experiência: estou há 22 anos, e a empresa em que entrei não existe mais. Eu passei por umas 10 “Rodobens” nesse período — ela se transforma. O que não muda é a vontade e o pertencimento: quem entra lá é apaixonado e traz mudanças significativas.

A missão dos 75 anos era mostrar como tradição, pioneirismo, inovação e cliente se conversam. Em 1949, começamos com uma concessionária de caminhões Mercedes-Benz em Rio Preto. Logo veio a pergunta: “Como ajudar o cliente a aumentar a frota para vender mais caminhão?” A resposta foi o consórcio — a primeira empresa do Brasil a fazer consórcio de caminhões. Depois vieram banco, seguros e concessionárias de automóveis.

Hoje temos um ecossistema de serviços financeiros (seguros, banco, consórcio) alavancado pelo varejo automotivo (concessionárias de automóveis e comerciais). Nosso posicionamento é ser parceiro do próximo passo — e vivemos isso.

Na campanha, fizemos ações para parceiros (força de vendas de consórcio), colaboradores e clientes. Depois rodamos pesquisa de marca e o retorno nos deixou felizes: ética, respeito, agilidade e modernidade. Ou seja, estamos no caminho certo.

A campanha termina em dezembro, e dela vamos colher frutos e pensar novas campanhas — reforçando que ajudamos a realizar sonhos e tangibilizando quais são esses sonhos no próximo ano.


Samilo: Você falou muito em “ele”. Quem é esse personagem?


Priscila: O fundador, Sr. Valdemar de Oliveira Verde, rio-pretense. A partir da visão dele se construiu essa empresa com mais de 75 anos e 3.000 colaboradores no Brasil.

O slogan dos 75 anos é “Em frente e à frente, sempre”: desbravar novos lugares (fomos pro Mato Grosso quando quase ninguém estava lá, levando concessionária e consórcio) e inovar em processos e produtos. Um exemplo é o Plano Pontual no consórcio: a partir da sexta assembleia, o cliente pode retirar o bem — sem depender de sorteio. Atacamos a dor do tempo no consórcio: há quem possa esperar e quem tenha pressa — temos produto para ambos.


Samilo: E como adequar a mensagem num país tão plural de meios, culturas e realidades?


Priscila: É uma loucura boa. A gente tem o desafio de explicar consórcio pra Gen Z no TikTok e, ao mesmo tempo, usar carro de som em cidades do interior do Mato Grosso e do Pará. Personalizamos conteúdo e canais conforme a necessidade do público e do segmento.

Usamos influenciadores, mídia offline onde faz sentido, eventos e convenções para engajar parceiros de venda. Internamente, fizemos ações com colaboradores e acionistas, contando a história desde o começo para fortalecer pertencimento.

Foram seis meses planejando e executando — incluindo podcasts de educação financeira, reforçando o atributo de parceiro do próximo passo. Se quero ajudar na realização do sonho, preciso explicar como funciona pra pessoa não se endividar e planejar.


Samilo: Manter unidade diante de tanta pluralidade é um desafio. E vocês têm produção de conteúdo forte. Onde acessar?


Priscila: Temos uma TV interna desde antes da pandemia. Quando ela chegou, virou ferramenta central de comunicação com clientes e colaboradores. Ficamos experts em live e produção de conteúdo — inclusive live commerce. Chegamos a fazer feirões online de venda de carros antes das próprias montadoras, porque já tínhamos tecnologia e domínio.

Em redes sociais, fazemos monitoramento e hoje somos a administradora independente de consórcio mais seguida do Brasil, organicamente, com foco em  educação financeira — explicar de forma clara como é fácil investir em consórcio pensando no futuro.


Samilo: Muita gente resiste a conteúdo de topo e meio de funil. No caso da Rodobens, educação financeira foi base da presença digital.


Priscila: É relação de confiança. Não é venda pela venda; é venda consciente. Você está investindo seu dinheiro, às vezes o único. É preciso confiar. Nas nossas plataformas, transmitimos segurança: empresa séria e ética, que personaliza a venda para resolver o problema ou realizar o sonho do cliente — não vender a qualquer custo.


Samilo: Pra quem quiser seguir os canais?


Priscila: Estamos em todos: TikTok, Instagram, YouTube, LinkedIn — @oficialrodobens. Spotify ainda não, mas está nos planos com o podcast, que já vai para o terceiro episódio.


Samilo: Priscila, obrigado por compartilhar essa história. Tempo curto pra tanta coisa — tentar colocar 75 anos de Rodobens e 22 de marketing em 30–40 minutos é sacanagem (risos). Mas foi espetacular. Fica o convite pra voltar.


Priscila: Eu que agradeço. Adorei rever minha história.


Samilo: Pessoal, esse foi o Bora Falar de Marketing deste sábado. Muito obrigado a todos e até o próximo programa.


Conclusão editorial: A entrevista com Priscila Cardozo revela uma executiva formada “no chão de fábrica” do marketing — do rádio ao matemarketing orientado por dados — e uma Rodobens que chegou aos 75 anos por saber se reinventar sem perder o foco no cliente. Entre inovação de produto (como o Plano Pontual), personalização de mídia (do TikTok ao carro de som) e educação financeira como estratégia de confiança, a conversa deixa uma mensagem simples e poderosa: tradição e vanguarda caminham juntas quando o propósito é ser parceiro do próximo passo do cliente. 

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