Entrevista com Caroline Mazaro - CBN Grandes Lagos

11 de setembro de 2025

Neste programa, publicado em 06 de setembro, recebo Caroline Mazaro, arquiteta infantil, para falarmos sobre a importância do brincar no desenvolvimento humano e criativo.

Entrevista Transcrita

Samilo Lopes: Muito bom dia para você que nos acompanha pelos 90.9 FM. Eu sou o Samilo Lopes e este é o Bora falar de marketing deste sábado, 6 de setembro de 2025. Hoje recebo novamente uma convidada especial: Caroline Mazaro, arquiteta infantil, que está à frente do Espaço Kids da mostra Ark Design. Caroline, bem-vinda de volta ao programa.


Caroline Mazaro: Muito obrigada, Samilo. É sempre um prazer estar aqui. Esse ano fui convidada para assinar o Espaço Kids da Ark Design, que acontece no estacionamento do Rio Preto Shopping até o dia 21.


Samilo Lopes: Então aquele farolzinho que eu vi nas postagens era do Espaço Kids?


Caroline Mazaro: Isso mesmo. O espaço foi inspirado em um farol da Holanda, onde morei muitos anos. Minha filha pintou esse farol em uma tela e aquilo me inspirou. A ideia foi trazer esse desenho para a mostra e, para minha surpresa, as crianças amaram. Claro que o objetivo era ser um espaço para elas, mas superou minhas expectativas.


Samilo Lopes: Que legal! E como funciona a mostra?


Caroline Mazaro: A Ark Design vai até o dia 21 de setembro. Funciona de terça a domingo: finais de semana das 15h às 22h e dias de semana das 17h às 22h. Crianças até 12 anos não pagam. É um espaço cheio de eventos e atividades.


Samilo Lopes: E hoje vamos falar muito sobre brincar. Esse tema me encanta. Eu costumo dizer que, mesmo com toda evolução tecnológica, resta a nós sermos humanos. A inteligência artificial, por exemplo, só se potencializa quando unida à nossa inteligência ancestral. E acredito que o brincar é uma das maiores expressões dessa inteligência.


Caroline Mazaro: Exatamente. O brincar vem de dentro. Em uma oficina que ministrei recentemente, pedi para crianças e pais projetarem a escola dos sonhos. Um pai, inspirado pela brincadeira, criou uma escola flutuante. Isso é a criatividade ancestral — uma força que precisa de espaço para acontecer.


Samilo Lopes: Então o brincar precisa ter lugar físico e mental?


Caroline Mazaro: Isso mesmo. Não se trata apenas de espaço físico, mas também de permitir que o brincar aconteça. Um estudo clássico dos anos 70, no Canadá, chamado "Parque dos Ratos", mostra isso. Em uma jaula sem estímulos, os ratos preferiam água com morfina. Já em uma jaula cheia de brinquedos e atividades, eles preferiam água normal. Ou seja, o ambiente influencia totalmente o comportamento.


Samilo Lopes: E quando falamos de crianças, o brincar não acontece com o brinquedo parado na prateleira, mas quando ocupam o espaço, certo?


Caroline Mazaro: Exatamente. O brincar é movimento, é marcar território. Por isso, como arquiteta, digo sempre: pessoas inspiram pessoas, mas os espaços educam hábitos. Se queremos ler mais, precisamos de uma poltrona convidativa. Se queremos brincar, precisamos de ambientes que permitam isso.


Samilo Lopes: Isso também vale para animais, por exemplo. Tenho dois cachorros e três gatos. Demorei a perceber que minha casa também é deles. Eles precisam de espaço para expressar seus limites. É o mesmo com crianças: o lar precisa ser adaptado para elas também.


Caroline Mazaro: Exato. Uma criança demora anos para ocupar a casa em sua totalidade. Por isso vemos hoje tantas referências ao método Montessori, adaptando os espaços para a altura e necessidades delas.


Samilo Lopes: Interessante. E você também citou estudos que ligam o brincar ao desenvolvimento humano.


Caroline Mazaro: Sim. O homem evoluiu manipulando objetos. Essa manipulação está na nossa ancestralidade. O artista Francis Alÿs mostrou isso em uma pesquisa de 20 anos, fotografando crianças de diferentes países brincando. Todas, independentemente da cultura, desenvolvem padrões semelhantes de aprendizado pelo brincar. Isso mostra que o brincar é universal e essencial.


Samilo Lopes: É impressionante. Inclusive, lembro da minha infância: desmontava carrinhos para entender como funcionavam, mas nunca conseguia montar de volta. Essas pequenas frustrações ensinam a lidar com limites, organização e persistência.


Caroline Mazaro: Exatamente. O brincar é mais do que diversão — é educação e aprendizado para a vida. Não se trata apenas de estímulos superficiais, mas de experiências que nos colocam totalmente imersos, como uma criança brincando com bola ou construindo um castelo de areia.


Samilo Lopes: E sobre as suas oficinas, como funcionam?


Caroline Mazaro: Eu proponho às famílias que projetem a escola dos sonhos. Primeiro desenhamos no papel, depois construímos em 3D com brinquedos. É incrível ver como os materiais despertam criatividade. Recentemente fiz isso em parceria com a Nação Valquírias, atendendo famílias assistidas por eles. Foi mágico.


Samilo Lopes: Você pretende expandir essas oficinas?


Caroline Mazaro: Sim, pretendo, mas ainda não há agenda definida. Quero ampliar, porque vejo nessas oficinas um espaço transformador para crianças e adultos.


Samilo Lopes: Fantástico. Caroline, obrigado por compartilhar essa visão tão humana e inspiradora sobre o brincar.


Caroline Mazaro: Eu que agradeço. É sempre um prazer estar aqui.

Conclusão editorial: A conversa com Caroline Mazaro nos lembra que o brincar é muito mais do que lazer: é uma ferramenta ancestral de desenvolvimento humano, que molda hábitos, estimula a criatividade e ensina a lidar com limitações. Espaços bem pensados educam tanto quanto pessoas, e criar ambientes que favoreçam a imaginação é essencial para crianças e adultos. O recado central é claro: o brincar precisa de espaço, tempo e reconhecimento como parte fundamental da nossa formação e qualidade de vida.

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