Entrevista com Rafael Derrico e Elder Argondizio, diretores da Visual Systems - CBN Grandes Lagos
Neste programa, publicado em 04 de outubro, conversamos com os diretores da Visual Systems, Rafael Derrico e Elder Argondizio, sobre os 30 anos da empresa, o impacto da inteligência artificial, a evolução da nuvem híbrida e os caminhos da tecnologia nos próximos anos.
Entrevista Transcrita
Samilo Lopes: Rafael Derrico e Elder Argondizio, obrigado pelo convite e por este papo. Para começar, apresentem-se e contem um pouco da história da Visual Systems.
Elder Argondizio (Visual Systems): Nasci em Araraquara e vim para São José do Rio Preto fazer faculdade. Foi aqui que começou nossa jornada, em 1991. Conheci o Rafael Derrico, meu sócio, na universidade. De um sonho, 30 anos se passaram e virou realidade.
Samilo Lopes: Qual faculdade, Rafael Derrico?
Rafael Derrico (Visual Systems): Cheguei na mesma época que o Elder Argondizio. Estamos gravando perto da UNESP. Nos conhecemos na universidade. Naquele tempo, os programas de empreendedorismo não eram tão latentes como hoje, mas a vontade de criar um negócio nos moveu. Foi uma jornada de muito trabalho, acertos e erros — e aqui estamos, 30 anos depois, ainda com “sangue nos olhos”. Outro dia jantamos com as famílias, relembrando histórias. Sociedade tem opiniões diversas, mas a soma constrói a jornada. Tomamos decisões difíceis, mas seguimos unidos, com o propósito de tornar a Visual cada vez maior e melhor.
Samilo Lopes: Se minhas contas não falham, 30 anos remontam a 1995… Comecinho do Plano Real, URV e tudo mais, certo?
Rafael Derrico: Isso mesmo — URV, a unidade de referência de valor na transição do cruzeiro/cruzado para o real. Por um período, salários e preços eram expressos em URV.
Samilo Lopes: Meu primeiro emprego foi em 1996, lançando estoque em uma fábrica de calçados. Só havia um computador, sem mouse — começo da popularização dos PCs. Antes, muito processamento era feito em mainframes. E vocês?
Elder Argondizio: No início, poucas empresas tinham computadores. Íamos a Ribeirão Preto buscar equipamentos para vender em São José do Rio Preto. Um dos nossos primeiros movimentos.
Samilo Lopes: Dá para traçar paralelos entre a popularização dos computadores lá atrás e os temores atuais sobre inteligência artificial?
Elder Argondizio: A inovação costuma ser “vendida” em alta velocidade para acelerar adoção, mas entre idealizar e colocar em prática leva tempo — inclusive para a cultura social acompanhar. A IA será um diferencial, mas leva tempo para chegar à sociedade como um todo. O que teremos é o humano mais forte com IA: um arquiteto que dita o projeto por voz para a IA gerar em minutos, e depois revisa. Profissões não “acabaram” nesses 30 anos; também ouvimos “tudo vai para a nuvem” e agora há movimentos de volta. Há estudos indicando que parte dos workloads retorna ao ambiente privado.
Rafael Derrico: Há muito sensacionalismo irresponsável na comunicação sobre IA. Quando saímos da universidade, a internet transformou negócios e sociedade; também vimos a popularização de bancos de dados relacionais. Hoje, a tecnologia está onipresente. Estamos no fim de um ciclo (telemática) e iniciando outro (automação). A IA sempre existiu nos bastidores e popularizou com uma interface (como o ChatGPT). Tecnologias seguem a curva de hype: surgem, amadurecem e, então, geram valor real — transformam negócios e profissões, não necessariamente as substituem. Como na Revolução Industrial: não dá para brecar.
Rafael Derrico (cont.): Haverá grande diferença entre empresas assistidas por IA e as não assistidas. Nunca tivemos tantas ferramentas para sermos “super-humanos”. Nossos arquitetos já elaboram mentalmente e traduzem por fala ou prompt; a IA entrega em minutos, eles revisam, e o contexto traz insights que talvez não surgissem de imediato. É um novo momento.
Samilo Lopes: Sobre nuvem: houve o “tudo em cloud”, e agora um retorno parcial. Isso chega também ao usuário final? Vamos de personalizações pequenas no dia a dia, enquanto empresas preservam áreas privadas e seguras?
Elder Argondizio: Vai acontecer. Ferramentas já permitem desenvolver por conversa. Qualquer cidadão pode “pedir” um sistema para controlar gastos domésticos, com alertas de vencimento e fluxo de caixa. O Gartner projeta que nos próximos anos será desenvolvido muito mais software do que tudo o que foi feito até aqui — o que terá de rodar em algum lugar: smartphone, sistema corporativo, cloud pública, etc. Muitos softwares rodarão na borda (o smartphone). A computação ficará descentralizada.
Elder Argondizio (cont.): Em indústrias, muito processamento precisa ser local por requisitos de latência e confiabilidade (setup de máquinas e produção em tempo real). Não dá para levar tudo à nuvem e voltar — risco de link cair e a fábrica parar. Resultado: workloads distribuídos e centralizados na nuvem apenas no que fizer sentido.
Rafael Derrico: O poder computacional e serviços em nuvem barateados permitem personificar serviços. Ex.: planos de saúde guiados por dados comportamentais (sinistralidade potencial) e não só por faixa etária. Modelos de IA e arquiteturas combinando nuvens públicas/privadas viabilizam isso. Se vai acontecer? Não sei, mas possível é — tanto para mercados quanto para pessoas criarem seus próprios serviços com IA.
Samilo Lopes: E o que isso tem a ver com marketing? Tudo. A base de produtos e serviços nasce da capacidade de organizar e distribuir informação, ida e volta. A personalização vira referência de experiência. Conversando com clientes de vocês, ouvi relatos sobre a experiência com a Visual. Como a infraestrutura e a IA ajudam a construir experiências melhores, no corporativo e no consumidor final?
Elder Argondizio: Clientes precisam de meios de comunicação integrados para entregar bem seus serviços. Atendemos indústrias alimentícias, saúde (hospitais), bancos — nichos diversos com um desafio comum: TI não pode parar. Um minuto fora do ar e a operação para. Investimos em observabilidade para detectar falhas e notificar automaticamente desde o gestor de TI até áreas de negócio (inclusive marketing), com resposta rápida para restabelecer e evitar experiência negativa na ponta.
Rafael Derrico: Estamos intensificando um Programa de Sucesso do Cliente, com equipe dedicada. Trazer cliente novo é caro; precisamos garantir que o que foi vendido resolva o problema. Infraestrutura não aparece, mas sem ela a aplicação não performa. Dentro da nossa plataforma, temos experiência digital do cliente (monitoramento sintético) para medir desempenho de aplicações vitrine (empresas que operam sem loja física). Indicadores mostram satisfação, e nossa missão é gerar experiências positivas. Desde o início, temos um lema: dando lucro ou não, entregamos o que vendemos. Nosso primeiro cliente de NOC como serviço está conosco até hoje.
Samilo Lopes: Estou com o Eric, da Kaspersky. Em linguagem didática: quais as maiores vulnerabilidades hoje, no corporativo e no pessoal, e como a Kaspersky atua?
Eric (Kaspersky): O desafio é levar cultura de cibersegurança além dos times técnicos (resposta a incidentes, políticas e soluções). Como proteger com senhas seguras, evitar cliques em sites maliciosos e fraudes? Temos soluções para conscientização recorrente, desenvolvendo colaboradores por nível de conhecimento — cada pessoa aprende de um jeito.
Samilo Lopes: Muita coisa se resolve com práticas simples, né?
Eric: Sim. Autenticação em dois fatores ainda é negligenciada e abre portas para golpes, como vimos no WhatsApp. Levar passos simples ao público geral é prioridade global da Kaspersky.
Samilo Lopes: Comigo, Robson e Luís, da ScanSource, parceira Oracle. O que vocês apresentaram no Visual IT Conference 2025?
Robson (ScanSource): Abordamos a jornada de migração para Oracle Cloud Infrastructure (OCI): engenharia de confiabilidade, arquitetura de alta disponibilidade e certificados de segurança — temas centrais hoje e foco do trabalho conjunto Visual + ScanSource + Oracle.
Samilo Lopes: E, do lado comercial, Luís?
Luís (ScanSource): Destacamos o novo programa de canais da Oracle (implementado em 2025), aproximando a Oracle dos parceiros, quebrando estigmas e impulsionando IA com a Visual. É para todas as empresas — de pequeno a grande porte.
Samilo Lopes: Com Caio Porta-Pila, da Ingram. O que é nuvem híbrida?
Caio (Ingram): É quando você tem sistemas dentro de casa (servidores no escritório ou data center) e fora (provedores de nuvem, como Microsoft e outros). Você une os dois mundos.
Samilo Lopes: Sua palestra foi sobre [trecho ambíguo: "eure local"] — pode explicar?
Caio: Em um ambiente híbrido, você tem servidor local e sistema fora. Com [trecho ambíguo: "... local"], você mantém todos os sistemas dentro de casa, com poder e conectividade da nuvem, usando hardware específico e conectando aos serviços (ex.: Kubernetes, IA) no ambiente local.
Samilo Lopes: Principais benefícios — do microempresário às multinacionais?
Caio: Custo potencialmente menor em relação a infra tradicional de nuvem. E latência: em regiões remotas com conectividade ruim, manter a infraestrutura local evita demora de resposta (sem ir/voltar ao data center remoto). Exemplos: varejo distribuído e agronegócio — onde o local tende a ser a melhor opção.
Samilo Lopes: Agora com Lincoln, da Dell Technologies. Deixar dados on-premises ou na nuvem depende de quê?
Lincoln (Dell Technologies): Depende do workload e da aplicação. A Dell possui soluções para gerenciamento, orquestração e administração dos dois mundos, com dashboard unificado.
Samilo Lopes: Ou seja, não há resposta pronta: a tecnologia caminha para personalização — e a Dell se alinha a isso.
Lincoln: Exato. Fazemos levantamento e entendemos as demandas, independente do tamanho da empresa, para definir a melhor estratégia.
Samilo Lopes: E IA — muito discurso, mas também muita seriedade. Como a Dell trabalha esse tema?
Lincoln: A Dell é líder global em soluções de IA, com parcerias com NVIDIA, Intel e AMD. Portfólio completo: de endpoints (notebooks, desktops prontos para IA) à camada de data center, onde o processamento acontece. O diferencial é cobrir ponta a ponta e atuar via parceiros qualificados.
Samilo Lopes: Muitas vezes olhamos o passado para enxergar o futuro. Se pudessem vislumbrar os próximos 30 anos — da Visual Systems e da tecnologia — o que vem por aí?
Elder Argondizio (Visual Systems): Vai acelerar. Haverá mais ambientes para cuidar e mais observabilidade em TI, porque tudo estará espalhado — equipes distribuídas, serviços em múltiplos continentes e fornecedores. Quando algo parar, quem acionar? Empresas especializadas serão ainda mais necessárias para integrar e garantir disponibilidade.
Rafael Derrico (Visual Systems): Nunca vi tantas coisas convergirem ao mesmo tempo. É difícil prever 30 anos. Houve um foco em Web 3.0 (metaverso, NFTs, DeFi, tokenização, gêmeos digitais), enquanto IA e automação explodiram; computação quântica avança com novos modelos de processamento. A digitalização do mundo físico é iminente. Teremos serviços digitais como tônica — exigindo observabilidade, NOC, automação e robótica (inclusive no agro). Há muito por fazer.
Samilo Lopes: Pessoal, obrigado e parabéns pelos 30 anos. Que venham os próximos! Bora falar de marketing com Samilo Lopes.
Conclusão editorial: No palco do Visual IT Conference 2025, a Visual Systems repassa três décadas entre URV, PCs sem mouse, internet nascente e bancos de dados relacionais até chegar ao novo ciclo de automação guiada por IA. A mensagem central se repete em todos os blocos: escalabilidade com observabilidade, distribuição inteligente de workloads (borda, on-premises, nuvem) e experiência digital como critério de valor. Segurança começa com hábitos simples; a jornada para cloud pede projeto e confiabilidade; latência e custo justificam soluções locais; e IA já permeia do notebook ao data center. O futuro? Mais serviços digitais, mais integração e a mesma promessa: entregar o que foi vendido, sem deixar o cliente parar.
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